Ao embarcar em Death Stranding 2: On the Beach, eu me vi imerso em uma jornada que superou a experiência de um mero jogo, transformando-se em uma reflexão sobre a existência humana e a natureza da conexão. Hideo Kojima, o mestre por trás da série Metal Gear, criou uma sequência que não apenas honra o legado do original, mas também o questiona de forma provocadora. Desde o primeiro momento, fui cativado pela sua capacidade de me fazer rir com o absurdo (sim, quem conhece Kojima já espera isso) e, logo depois, chorar pelo destino de seus personagens. É um título que me impactou profundamente, uma verdadeira aventura emocional e visual que ficará comigo por muito tempo.
História: A Busca por Conexão em um Mundo Fraturado
A história é, para mim, o coração deste universo peculiar. Sam Porter Bridges, agora mais maduro e lidando com a paternidade de Lou, embarca em uma nova missão que expande as fronteiras da América para uma versão surreal da Austrália. A narrativa mergulha em temas de luto, propósito e na complexa questão levantada pela pandemia de COVID-19: “Deveríamos ter nos conectado?”. Kojima, influenciado pelo isolamento e pela “conexão” online que não atendeu às suas expectativas, reescreveu o conceito do jogo.
Diálogos com um boneco falante como Dollman e as personalidades excêntricas da equipe Drawbridge — com atuações brilhantes de Léa Seydoux, Elle Fanning e um inesquecível Troy Baker como Higgs — tudo se entrelaça em uma experiência quase cinematográfica, onde você pode influenciar o destino dos personagens. A premissa de “conectar pessoas” do primeiro jogo evoluiu para uma reflexão sobre os perigos de estar “demais conectado”, algo que ressoa com as vivências de Kojima com o trabalho remoto e o “metaverso” durante a pandemia.
Jogabilidade: Explorando Novos Caminhos e Superando Barreiras (ou a Ausência Delas)
A jogabilidade de DS2 mantém sua essência de “jogo de entrega”, mas a refina e expande, oferecendo mais escolhas e liberdade que permitem explorar o mundo de maneiras únicas. O processo de planejar rotas, gerenciar o vasto inventário e atravessar ambientes traiçoeiros continua crucial, mas agora com mecânicas aprimoradas. A Austrália é um personagem à parte: suas paisagens desérticas, montanhas imponentes e áreas inundadas ativamente resistem à sua passagem com tempestades de areia, terremotos e a onipresente Chuva Temporal.
No entanto, Sam está mais experiente, e o jogo me deu acesso a veículos e ferramentas úteis mais cedo, como o off-roader com coleta automática de carga (o veículo que mais usei nas minhas mais de 65 horas de jogo) e o Dollman, que pode ser lançado como um drone para explorar o território inimigo.
O combate foi significativamente aprimorado, tornando-se mais envolvente e estratégico. Novas armas como o rifle de precisão tranquilizante e a luva elétrica me fizeram sentir como um “exército de um homem só” ou um espião furtivo (coisa que sou pouco, porque já quero chegar explodindo tudo), dependendo da minha escolha. O Social Strand System (SSS) também foi revisado, com a adição de monotrilhos e a mecânica de “curtidas” baseada no comportamento dos jogadores. Isso permite construir e utilizar infraestruturas que transformam entregas massivas em viagens gratificantes, reforçando a sensação de comunidade com outros jogadores.
Porém, notei que essa liberdade e facilidade poderiam ser um ponto de crítica para alguns. Houve momentos em que a jornada parecia carecer da “fricção” do jogo original, com caminhos aparentemente simples para quase todos os destinos. Embora o título ofereça muitas ferramentas divertidas, nem sempre senti a necessidade de usá-las, pois era possível atravessar rios e evitar terrenos rochosos com um mínimo de esforço. As chamadas catástrofes naturais também pareciam, às vezes, ter um impacto mínimo fora das missões de história, e a presença dos BTs parecia reduzida em comparação com o original.
Contudo, como jogador, encontrei beleza e desafio em cada entrega, mesmo quando a rota era mais direta. A narrativa e os visuais únicos compensavam qualquer falta de dificuldade percebida. Cada vez que me via diante de um cenário deslumbrante ou superava um obstáculo monumental, sentia a necessidade de parar a todo momento para tirar fotos (sim, eu faço muito isso nos jogos), pois eram experiências que eu sabia que jamais esqueceria.
Gráficos: A Imersão Visual imaginada por Kojima
Visualmente, DS2 é um espetáculo. Os gráficos são fenomenais, com a Decima Engine dando vida à Austrália de uma maneira de tirar o fôlego. Desde o nascer do sol sobre o deserto até as tempestades elétricas que iluminam as cristas das montanhas e a visão surreal de uma lua gigantesca no céu, o jogo constantemente me surpreendia com sua beleza e estranheza. Jogando no PlayStation 5, a performance foi impecável, sem soluços técnicos, permitindo uma imersão total nesse mundo surreal de alta definição. As paisagens são vastas, variadas e desafiadoras de explorar, criando um ambiente que é, ao mesmo tempo, lindo e traiçoeiro.
Trilha Sonora: As músicas que o Kojima escolheu a dedo pra te fazer sentir o game
A trilha sonora, com as composições de Ludvig Forssell, os vocais de Woodkid e a poderosa volta de Low Roar, é implantada com precisão, elevando os momentos de solidão e as grandiosas sequências de ação. É um acompanhamento perfeito para as longas e contemplativas viagens pelo deserto, que me faziam refletir sobre a mensagem do jogo: “você nunca está verdadeiramente sozinho”. As músicas são estrategicamente posicionadas para amplificar a atmosfera, seja durante uma travessia solitária ou em um momento de intensa batalha, adicionando uma camada emocional que complementa perfeitamente a narrativa e a exploração.
VALE A PENA?
Para mim, Death Stranding 2: On the Beach é uma obra que, embora em alguns momentos possa ser “lenta” ou “densa”, é uma experiência recompensadora. É um jogo que me impactou, uma verdadeira jornada que ficará comigo por muito tempo, exatamente como Kojima parecia desejar.
NOTA 9/10
PS – Todas as imagens dessa análise foram tiradas durante a jogatina.
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