Nesta era de filmes de terror que apostam tudo na excentricidade, era fácil criar expectativas equivocadas para Animais Perigosos. Afinal, este é anunciado como “o filme do serial killer dos tubarões”, onde o assassino, vivido por Jai Courtney, executa suas vítimas usando os grandes predadores marinhos. A premissa sugere pura galhofa, mas a realidade é outra: Animais Perigosos é um terror B sujo, direto e muito mais sombrio do que se imagina.
O roteirista Nick Lepard, em sua estreia no cinema, recusa-se a ignorar o coração negro de sua história. Em vez de fazer uma piada pós-moderna, ele e o diretor Sean Byrne forjam um filme maldoso e sem remorsos. No centro desta obra está a atuação de Jai Courtney, que abraça com força incontornável um personagem visceralmente desagradável. Seu assassino não é um vilão sofisticado ou um galã torturado, mas um bruto patético com delírios de grandeza, um agressor mesquinho que se vê como um predador de elite. Courtney mergulha sem reservas na repugnância do papel, criando um magnetismo perturbador.
Sean Byrne, diretor de Entes Queridos, conduz o filme com uma precisão implacável. Livre de pretensões, ele se concentra em construir um thriller eficiente nos moldes clássicos. Com a ajuda fundamental do designer de produção Pete Baxter (Matrix) e do editor Kasra Rassoulzadegan (Fúria Primitiva), Byrne cria um filme esguio que domina perfeitamente seus cenários e gere o ritmo com maestria. Ele sabe exatamente quanto drama seus protagonistas precisam e não hesita em entregar o que o público veio buscar, sem sacrificar a credibilidade.
O longa navega com sucesso por um leque tonal que equilibra a seriedade da premissa de terror com a satisfação gregária de seu conceito único. Hassie Harrison (Yellowstone) é uma final girl irrepreensível, e o filme até ensaia um comentário sobre as defesas que as mulheres constroem ao redor de homens perigosos. No entanto, Animais Perigosos sabe que seu propósito não é um estudo social profundo, e sim nos fazer torcer pela fuga incansável da protagonista, mesmo quando o filme escalona suas circunstâncias até a beira do absurdo.
A progressão é previsível, porém confortável; simplista, mas extremamente bem executada. No ecossistema cinematográfico atual, é difícil imaginar que Animais Perigosos cause grande fratura nos cinemas, mas é uma aposta certa para um futuro top 10 nos streamings. Quando aparecer em sua plataforma, aperte o play sem medo.
Muitos podem descartá-lo como apenas mais um filme B, mas as escolhas inteligentes de Byrne em cada aspecto da produção – desde o bloqueio da ação e a trilha sonora tradicional de Michael Yezerski até as atuações viscerais – elevam o material. É o tipo de filme que manobra com habilidade por águas agitadas para chegar a um destino totalmente divertido e brutal.
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