O aguardado desfecho de Stranger Things se tornou muito mais que um evento televisivo; foi catalisador de uma das maiores ondas de colaborações já vistas no mercado brasileiro. Marcas de setores completamente distintos identificaram no fenômeno cultural uma oportunidade única de conectar-se com milhões de fãs, transformando o buzz emocional em estratégias tangíveis de marketing e inovação.
O que começou com produtos de consumo rápido ganhou proporções surpreendentes, escalando desde itens de cuidado pessoal até bens de alto valor. A Fiat revelou uma série limitada do Pulse Abarth, um carro que materializa a estética da série, enquanto a Valda resgatou a nostalgia das suas clássicas latas metálicas em uma edição colecionável que virou item de fã. A estratégia demonstra uma segmentação ampla, alcançando desde o público jovem até adultos com poder aquisitivo.

No varejo alimentício, a criatividade foi ainda mais longe. A Seara desenvolveu uma linha exclusiva de pizzas e snacks, e a Pringles ousou ao lançar batatas nas cores vermelha e preta, com sabores inéditos batizados em homenagem ao “Mundo Invertido”. A experiência sensorial e a imersão no universo da série foram levadas a um novo patamar com a pipoca da Yoki, que tem cor azul vibrante e efeito “resfriante” na boca, e com o hidratante labial da Cimed no sabor waffle, um tributo direto à personagem Eleven.
O sucesso dessas collabs, no entanto, vai muito além de simples embalagens temáticas. O grande diferencial está na profundidade da integração. Marcas como Hellmann’s e Nutty Bavarian investiram no desenvolvimento de sabores exclusivos, criando produtos que dialogam diretamente com a narrativa da série. A BIC, por sua vez, construiu uma campanha inteligente nas redes sociais, onde suas canetas “desapareceram”, criando mistério e engajamento antes do anúncio oficial.

Essa diversidade de ações – que inclui ainda a linha de sorvetes da Oggi e a coleção de coolers e barracas da Coleman com estética anos 80 – revela uma compreensão aguçada do consumo moderno. As marcas perceberam que o público não quer apenas um produto com um selo; deseja uma experiência, uma extensão do universo ficcional para o seu dia a dia, um pedaço da história que pode ser consumido, usado e compartilhado.
O legado de Stranger Things para o mercado é claro: o entretenimento de massa, quando apropriado com autenticidade e criatividade, é um dos ativos mais poderosos para gerar inovação, criar conversas espontâneas e consolidar a relevância cultural de uma marca. A série pode estar terminando, mas a lição permanece: em um mundo de atenção fragmentada, conectar-se às paixões do consumidor é o caminho mais seguro para o destaque.









