Assistir a Missão: Impossível – O Acerto Final hoje cedo na sessão de imprensa foi uma experiência que confirmou o que eu já sabia: Tom Cruise não é apenas uma estrela de Hollywood — ele é o próprio cinema em carne e osso. Se esse é mesmo o fim da jornada de Ethan Hunt, então a franquia está encerrando sua missão com estilo, emoção e aquele excesso glorioso que só Cruise e o diretor McQuarrie conseguem entregar.
Desta vez, Ethan Hunt e sua equipe enfrentam não apenas um vilão convencional, mas uma conspiração global que ameaça a segurança mundial de uma forma nunca antes vista: uma inteligência artificial, chamada de “Entidade”, que busca dominar a humanidade ao assumir o controle de arsenais nucleares. Embora a trama seja complexa e, por vezes, confusa, o filme compensa com cenas de ação espetaculares e uma direção que mantém o ritmo acelerado.
Se você não viu Missão: Impossível 7 (ou qualquer outro da franquia), não se preocupe — O Acerto Final faz um trabalho excelente em contextualizar o que está acontecendo. Claro, fãs de longa data vão captar nuances e referências que os novatos não perceberão, mas, no geral, o filme se sustenta sozinho. A cada momento crucial, diálogos e flashbacks breves ajudam a entender os laços entre os personagens e o peso das escolhas de Ethan. É um blockbuster pensado para emocionar tanto iniciantes quanto veteranos.
Não é exagero dizer que Hollywood não seria a mesma sem Tom Cruise. Steven Spielberg chegou a afirmar que Cruise salvou a indústria cinematográfica com filmes como Top Gun: Maverick e Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte Um. Enquanto o streaming dominava, ele insistiu nesses projetos, lembrando ao mundo que filmes são feitos para a tela grande. Ele não só realiza seus próprios stunts (arriscando a vida sem hesitar), mas também se envolve em cada detalhe — desde a coreografia das lutas até a mixagem de som — tudo para entregar a melhor experiência possível. Cruise é o último guardião de uma era em que o cinema era grandioso, técnico e, acima de tudo, emocionante. Este filme é uma ode não só à franquia, mas ao próprio Cruise, que desde o primeiro filme, em 1996, nunca desistiu de nos entregar o melhor entretenimento possível.
A produção de “Acerto Final” provou ser, nas palavras do próprio diretor McQuarrie, “uma missão quase impossível na vida real”. As filmagens, iniciadas em 2020, foram interrompidas nada menos que sete vezes devido à pandemia, forçando a equipe a refazer cronogramas e orçamentos que já ultrapassavam a marca dos US$ 300 milhões, chegando a estimativas entre 300 e 400 milhões de dólares. Além disso, a produção enfrentou a greve do sindicato SAG-AFTRA, que paralisou os trabalhos por nove meses. Um dos incidentes mais notórios envolveu um submarino de verdade, utilizado em cenas cruciais, cujo equipamento de submersão travou devido ao peso. Este problema técnico exigiu semanas de reparos e elevou ainda mais os custos. No final das contas, todo esse caos nos bastidores só reforça o comprometimento da equipe em entregar uma experiência cinematográfica grandiosa, e o resultado que vimos na sessão de imprensa certamente demonstra que cada obstáculo superado valeu a pena.
Assim como Ethan Hunt enfrenta algoritmos que ameaçam controlar o mundo, Tom Cruise encara — com o mesmo destemor — o avanço impessoal da indústria do entretenimento. Em O Acerto Final, não vemos apenas o fim de uma missão; assistimos a um manifesto cinematográfico. Cruise, com seu comprometimento físico e emocional, nos lembra que o verdadeiro espetáculo nasce da ousadia humana, não da previsibilidade das máquinas. Enquanto a Entidade representa a era do artificial, Cruise é resistência viva — suor, precisão e alma em cada cena. Ele não está apenas atuando: está lutando por um cinema que ainda acredita na magia do real. E, ao fazer isso, deixa um recado poderoso: enquanto houver artistas que escolhem o caminho mais difícil por amor à arte, nenhuma narrativa será apenas mais um dado processado. Nesse embate entre o sintético e o visceral, Cruise vence. E nós, espectadores, saímos ganhando.