Três anos após o sucesso do primeiro filme, O Telefone Preto 2 retorna aos cinemas não como uma mera repetição de fórmulas, mas como uma evolução significativa do terror. Sob a direção de Scott Derrickson, a sequência abandona a claustrofobia do porão e se expande para uma narrativa mais introspectiva e madura, onde o verdadeiro monstro é o trauma persistente. Desta vez, a história se concentra nos irmãos Finney e Gwen, agora adolescentes, interpretados por Mason Thames e Madeleine McGraw, que carregam as cicatrizes emocionais de seu passado. A trama os leva a um acampamento isolado em Alpine Lake, um cenário gélido que se torna uma extensão emocional de seu isolamento psicológico.
A grande virada narrativa está na abordagem do trauma. Enquanto o primeiro filme era sobre sobreviver a um sequestro, a sequência mergulha na complexa tarefa de viver depois do horror. O roteiro de C. Robert Cargill acerta ao fazer do trauma o elemento central, com o telefone preto funcionando agora como um eco fantasmagórico do passado. A força do longa está em sua habilidade de continuar uma história aparentemente concluída de forma orgânica e profundamente emocional, evitando a nostalgia barata. As atuações elevam o material, com Madeleine McGraw entregando uma performance intensa e madura como Gwen, cujos dons psíquicos evoluíram de salvação para maldição. Mason Thames mostra uma evolução notável como Finney, um jovem marcado que luta para não repetir ciclos de violência.
A presença de Ethan Hawke como o Sequestrador é ainda mais perturbadora nesta sequência. Mesmo morto, o vilão paira como uma sombra, sua máscara icônica transformada em um símbolo do medo coletivo. Sua volta do inferno para se vingar através dos sonhos de Gwen estabelece uma clara e eficaz conexão com a mitologia de A Hora do Pesadelo, evocado não como plágio, mas como inspiração assimilada em uma linguagem própria. Derrickson conduz a narrativa com precisão cirúrgica, utilizando o ambiente a seu favor. A fotografia de Brett Jutkiewicz cria contrastes intensos entre a brancura da neve e as sombras densas, enquanto a trilha sonora opressiva de Mark Korven intensifica cada momento de suspense.
Apesar de seus acertos, o filme não está isento de críticas. Parte de sua narrativa investe mais em elementos investigativos do que em sustos tradicionais, o que pode retardar o ritmo para alguns espectadores. Além disso, o terço final, embora satisfatório, pode parecer menos perigoso do que o esperado, com uma batalha final que some em intensidade se comparada à claustrofobia do original. Contudo, O Telefone Preto 2 se consolida como uma das sequências de terror mais criativas e interessantes dos últimos tempos. É um filme que entende que o medo não morre com o vilão; ele se aloja nas pessoas, e é nessa profundidade psicológica que a obra encontra sua maior força, tornando-se uma experiência que cresce na tela grande e ressoa muito após os créditos finais.
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