Quase 25 anos após o primeiro filme, Premonição 6: Laços de Sangue chega aos cinemas para provar que a Morte ainda tem muito a ensinar. Dirigido por Zach Lipovsky e Adam Stein, o longa abraça uma nova fórmula ao substituir grupos de adolescentes por uma família unida por segredos e um destino sangrento. Stefani (Kaitlyn Santa Juana), uma jovem atormentada por visões de um desastre nos anos 1960, descobre que sua linhagem está no centro de uma maldição que atravessa gerações. O resultado? Um filme que equilibra nostalgia, mortes criativas e uma carga emocional inédita na franquia.
Diferente dos filmes anteriores, que focavam em desconhecidos ligados por acidentes, Laços de Sangue coloca parentes em risco. Stefani precisa convencer tios, primos e irmãos de que a Morte os persegue – uma tarefa tão difícil quanto fugir do próprio destino. A dinâmica familiar adiciona urgência às mortes: cada perda dói mais, e a luta pela sobrevivência ganha camadas de desespero e lealdade.
A escolha inteligente dos diretores transforma situações cotidianas em armadilhas mortais. Um churrasco em família vira um campo minado, e uma ressonância magnética se torna uma cena de terror digna dos melhores momentos da saga. Até elementos banais, como amendoins ou portas giratórias, ganham um ar ameaçador, reforçando a ideia de que o perigo está em todo lugar.
Apesar de acertar na proposta familiar, o filme tropeça em explicações forçadas. Iris (Brec Bassinger), avó de Stefani, vive décadas em uma cabana cheia de armadilhas contra a Morte – um conceito que, embora interessante, soa improvável diante da omnisciência do vilão invisível. Cenas como um funeral seguido de um churrasco alegre também quebram a tensão, enquanto a trilha sonora, em momentos, remete a clichês de filmes de heróis, destoando do tom sombrio.
Ainda assim, o longa brilha nas mortes inventivas. A sequência do restaurante Sky View, com sua estrutura similar a uma torre de parque de diversões, é um espetáculo de tensão e criatividade. E se o CGI do desastre inicial decepciona, o humor ácido e a brutalidade das cenas compensam, mantendo o espectador grudado na tela.
Fãs da série reconhecerão referências a filmes anteriores, como menções a Kimberly Corman (de Premonição 2) e troncos de árvores que ecoam tragédias passadas. Porém, o excesso de jumpscares e a falta da atmosfera opressiva dos primeiros filmes podem frustrar quem busca o terror psicológico original.
Premonição 6: Laços de Sangue não é o melhor da franquia, mas é um respiro fresco em uma fórmula que parecia esgotada. Ao priorizar drama familiar e riscos coletivos, o filme dá novo significado à luta contra o destino. Apesar de falhas em efeitos visuais e consistência narrativa, as mortes impactantes e a homenagem a Tony Todd fazem valer a sessão – especialmente para fãs que aguardavam um retorno há 14 anos.