Se você espera que Minecraft: O Filme explique o sucesso do jogo, esqueça. A magia do game está na liberdade de criar, algo que nenhuma tela de cinema pode replicar. Mas o diretor Jared Hess (Napoleon Dynamite) abraçou o nonsense dos memes de 2005 e entregou uma comédia frenética, cheia de piadas “random” e atuações hiperbólicas. É caótico? Sim. Divertido? Depende do seu humor (e da sua paciência para ver Jason Momoa de jaqueta rosa fringe).
Steve (Jack Black) é um minerador desiludido que descobre um cubo mágico – clichê? Total. Mas Black, como sempre, transforma o clichê em ouro. Cada olhar arregalado e grunhido é puro commitment cômico, digno de um shounen anime onde o protagonista grita antes do ataque final. Já Jennifer Coolidge, como a professora que vive de oversharing, rouba cenas com frases como “Fiquei 20 anos num casamento ruim… pelos cachorros”. Ela é o meme ambulante que todo fã de humor absurdo merece.
Garrett (Jason Momoa) é um campeão de games caído em desgraça, preso num visual retrô-pop que mistura Street Fighter com glam rock. Momoa abraça a vibe “ridículo é lindo” e até lembra Rex Kwon Do de Napoleon Dynamite. Mas aqui está o problema: enquanto Black e Coolidge brilham, o trio de coadjuvantes (Sebastian Hansen, Emma Myers e Danielle Brooks) parece perdido num filme paralelo. Suas cenas são fillers emocionais que não colam – seria melhor focar só nos vilões Creeper e no caos.
A estética blocky do jogo é recriada com CGI que oscila entre “homenagem nostálgica” e “cutscene de PS2”. Para fãs, é um easter egg gigante. Para outros, parece um comercial de bala Starburst (sim, tem uma fábrica de salgadinhos explodindo). Mas Hess sabe jogar com a artificialidade: há planos que parecem memes de 2009, e isso tem um certo charme… se você estiver bêbado de nostalgia.
O roteiro é a maior fraqueza. As cenas de ação são como minigames desconectados – você poderia reordená-las sem estragar a história. Faltou um vilão memorável (cadê o Ender Dragon?) e um desenvolvimento que justifique tanta correria. Em Dungeons & Dragons, o equilíbrio entre humor e aventura funcionou. Aqui, o filme é um speedrun de piadas, sem respirar.
Para fãs do jogo, é uma homenagem divertida, mas superficial. Para amantes de comédias random estilo Scott Pilgrim vs. The World, é um prato cheio (com batatinhas, claro). Já quem busca uma história coesa… melhor voltar para o modo criativo do game.