Quase uma década após conquistar o mundo e o Oscar, a Disney prova que ainda sabe fazer continuações de qualidade com Zootopia 2. O filme não apenas revive a fórmula icônica do primeiro, mas a expande e aprimora, entregando uma aventura maior, mais acelerada e repleta do carisma que cativou o público. Desta vez, os parceiros policiais Judy Hopps e Nick Wilde estão de volta em um caso que os leva aos confins da metrópole animal, testando sua amizade e suas habilidades como nunca antes.
A narrativa começa pouco depois dos eventos do primeiro filme, com a dupla já estabelecida no Departamento de Polícia de Zootopia. Ignorando os conselhos do Chefe Bogo, Judy e Nick embarcem em uma investigação própria que desvenda um mistério centenário envolvendo a família Lynxley, uma influente dinastia da Tundralândia. O cerne do caso é Gary, uma cobra interpretada por Ke Huy Quan, que busca um livro antigo para provar que os répteis foram vítimas de um plano de apagamento cultural e reivindicar seu lugar na sociedade. A estrutura de investigação é repetida, mas com uma escala grandiosa, explorando novos territórios e aprofundando a política e a história de Zootopia.

Tecnicamente, o filme é um deslumbre absoluto. A evolução da animação desde 2016 é notória, permitindo cenas de ação com uma velocidade e intensidade impressionantes, como a sequência da dupla molhada, que destaca o nível de detalhe e a fluidez. A paleta de cores é vibrante e cheia de personalidade, superando a já aclamada estética do original. O roteiro, assinado por Jared Bush e Byron Howard, é uma metralhadora de excelentes piadas, trocadilhos e referências à cultura pop e ao cinema, garantindo risadas para toda a família sem nunca soar forçado.
O coração do filme, no entanto, continua sendo a dinâmica entre Judy e Nick. A dupla mantém toda a química e o carisma, mas agora enfrentam novas camadas em sua relação, com a coelha lidando com sua necessidade de validação e a raposa confrontando seus fantasmas do abandono. O elenco coadjuvante é primoroso: Ke Huy Quan traz uma cobra adorável e esperançosa, Andy Samberg rouba cenas como o ansioso Patalberto Lynxley, e Patrick Warburton diverte como um ex-astro do cinema envolvido no complô.

Zootopia 2 aborda com sensibilidade temas complexos como preconceito, corrupção, apagamento cultural e pressão familiar, integrando-os à trama de forma orgânica, sem discursos panfletários. A mensagem de harmonia entre os diferentes permanece no centro da história, tornando-a relevante e comovente. Embora o ato final possa parecer um tanto detalhado para alguns, isso não diminui o poder de entretenimento desta que é uma das melhores sequências da Disney e uma das animações mais completas da década. A experiência é contagiante do início ao fim, uma verdadeira carta de amor às animações e um lembrete do poder criativo do estúdio. Fique até o final para uma cena pós-créditos que aponta para o futuro da franquia.









