O cenário do entretenimento global entrou em ebulição com uma nova e agressiva investida da Paramount. Nesta segunda-feira (8), o conglomerado Paramount Skydance formalizou uma oferta hostil de US$ 108,4 bilhões para adquirir a totalidade da Warner Bros. Discovery. A proposta, avaliada em US$ 30 por ação e 100% em dinheiro, supera diretamente o acordo fechado entre a Warner e a Netflix na última sexta-feira (5), que foi anunciado por cerca de US$ 70 bilhões. O movimento acirra dramaticamente a disputa por uma das maiores bibliotecas de conteúdo do mundo, colocando gigantes da mídia e da tecnologia em rota de colisão.
A oferta da Paramount representa uma tentativa clara de desbancar a Netflix e criar uma potência do entretenimento com escala para competir não apenas no streaming, mas também com players como a Apple. A empresa alega que sua proposta em dinheiro oferece “valor superior e mais seguro” aos acionistas da Warner, criticando a estrutura do acordo com a Netflix, que combina dinheiro e ações e carrega, na visão da Paramount, incertezas regulatórias significativas. Este é o ápice de uma série de tentativas da Paramount, que vem apresentando propostas desde setembro, todas previamente rejeitadas.
A reação hostil surge em um contexto de forte tensão dentro da indústria. O anúncio do acordo Netflix-Warner foi recebido com choque por executivos, sindicatos e reguladores, que alertam para um nível sem precedentes de concentração no mercado. A fusão criaria um colosso dono de marcas icônicas como HBO, Warner Bros. Pictures, CNN e Discovery, levantando preocupações sobre demissões em massa, redução da produção cinematográfica para cinemas e aumento de custos para os consumidores.
A batalha transcende o âmbito corporativo e ganhou contornos políticos. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comentou publicamente que a participação de mercado resultante da união Netflix-Warner “poderia ser um problema”, afirmando que acompanhará de perto a análise do Departamento de Justiça. A Paramount tenta capitalizar esse clima, argumentando que a fusão com a Netflix criaria um grupo com 43% do mercado global de streaming, violando leis antitruste. Ao apresentar uma alternativa, a empresa pressiona não apenas os acionistas, mas também os reguladores, sugerindo que há um caminho menos concentrado para a venda da Warner.
Enquanto isso, a Netflix demonstrou confiança em seu acordo, aceitando incluir uma multa de rescisão bilionária caso a fusão não seja aprovada. Analistas do mercado estão divididos: enquanto alguns veem risco de destruição de valor, outros acreditam que a aquisição daria um salto estratégico incomparável à Netflix. Com a entrada da Paramount com uma oferta hostil superior, a diretoria e os acionistas da Warner Bros. Discovery agora enfrentam uma decisão complexa, que definirá o futuro do setor de mídia e entretenimento. O desfecho, envolto em batalhas regulatórias e políticas, permanece completamente incerto.
Com informações das agências de notícias Reuters, Variety e Deadline.









