A Blumhouse retorna ao restaurante infestado de fantasmas em Five Nights at Freddy’s 2, sequência que promete aprofundar a mitologia da franquia e elevar os sustos. Dirigida novamente por Emma Tammi a partir de roteiro solo do criador da série Scott Cawthon, o filme mergulha com dedicação nos eventos nebulosos do passado de Freddy Fazbear’s Pizza, entregando uma experiência rica em fan service e design de produção meticuloso. No entanto, essa obsessão pela expansão da lore acaba ofuscando a tensão visceral, resultando em uma narrativa sobrecarregada que, apesar de momentos pontuais de horror eficaz, deixa a promessa de um massacre a ver navios.
A trama avança um ano e meio após os eventos do primeiro filme, encontrando Mike (Josh Hutcherson) e a policial Vanessa (Elizabeth Lail) tentando seguir em frente enquanto protegem Abby (Piper Rubio) da verdade. A frágil normalidade desmorona quando forças do passado ressurgem, centradas na Marionete, uma nova antagonista sinistra com ligações a um trauma antigo revelado em um flashback inicial corajosamente sombrio. A narrativa incorpora elementos diretos do jogo de 2014, introduzindo variantes reluzentes dos animatrônicos clássicos e novas ameaças como a Mangle, enquanto prepara o terreno para um caos durante o FazFest, festival que macabramente celebra a infame história do local.

O elenco principal entrega performances sólidas, com Hutcherson trazendo uma carga convincente de trauma protetor e Piper Rubio brilhando como Abby. A química do trio central oferece um núcleo emocional, ainda que personagens coadjuvantes talentosos, como Wayne Knight e McKenna Grace, sejam subutilizados. Matthew Lillard retorna brevemente como William Afton, injetando a dose necessária de malícia. Tecnicamente, o filme é um espetáculo à parte. A Jim Henson’s Creature Shop construiu quase três vezes mais animatrônicos do que no primeiro, e a Marionete em particular é uma realização assustadora de puppetry. Os sets, que incluem uma atração de barco a vapor e um extenso sistema de cavernas, são imersivos e detalhados, criando uma atmosfera visualmente rica.

O problema reside na execução do horror e no ritmo. Enquanto a sequência constrói uma ambiência arrepiante através de iluminação, som ambiente e a presença física dos bonecos, ela frequentemente substitui a construção de tensão sustentada por jump scares repentinos e, por vezes, previsíveis. Pior: apesar do título e do marketing, animatrônicos icônicos como o próprio Freddy têm tempo de tela surpreendentemente limitado, reduzindo seu impacto como ameaças centrais. A trilha sonora dos Newton Brothers e o design de som são excelentes, preenchendo os vazios com ruídos mecânicos inquietantes e uma partitura que equilibra terror e uma ironia macabra, mas não conseguem compensar totalmente a ausência de uma presença animatrônica constante e palpável.
O ritmo sofre com a necessidade de servir uma mitologia complexa. Exposições pesadas interrompem o fluxo, e a trama, que tenta equilibrar múltiplos personagens e locais, sente-se sobrecarregada. Momentos emocionais são abreviados em favor de explicar o próximo elemento do lore, e o clímax prometido acaba se perdendo em meio a configurações para um futuro capítulo, deixando uma sensação de anticlímax. A conclusão é um cliffhanger explícito, com cenas pós-créditos que aprofundam ainda mais o universo.

Five Nights at Freddy’s 2 é, em última análise, um filme de contradições. É visivelmente ambicioso e feito com um carinho evidente pela fonte, oferecendo aos fãs devotos uma riqueza de detalhes e expansões de história pelas quais eles anseiam. A produção é topo de linha e há cenas de destruição animatrônica que satisfazem. No entanto, para o espectador geral ou para quem busca uma experiência de terror coesa e realmente aterrorizante, o filme tropeça em sua própria complexidade. A priorização do lore em detrimento do susto sustentado e o ritmo irregular resultam em uma sequência que, embora tecnicamente impressionante, deixa os fantasmas dentro da máquina com menos assombração do que poderiam ter.
Nota: 3 de 5 estrelas. ★★★☆☆









