George Lucas acredita que os projetos mais recentes da saga Star Wars, tocados sem seu input criativo pela Disney, “perderam os seus temas originais de vista”. Em evento no Festival de Cannes 2024, acompanhado pelo Omelete, o cineasta tocou brevemente no assunto enquanto falava de sua trajetória dentro de Hollywood.
“Eu estou aposentado há uns dez anos, mais ou menos. Não consigo te dizer exatamente como Hollywood funciona hoje em dia. Depois que vendi os direitos de Star Wars, acho que os filmes e séries perderam um pouco da essência que eu coloquei neles”, admitiu. “Mas é o que acontece – uma vez que você abre mão de algo, não tem como voltar atrás. Está sob os cuidados das outras pessoas agora”.
Se pudesse dar um conselho a jovens cineastas, Lucas diria que “persistência é a chave”. “Um segredo que as pessoas não contam é que, se você está na metade de uma produção e já gastou um baita dinheiro… eles não vão te mandar parar”, comentou, relembrando como negociou um contrato de licenciamento com o estúdio, para o primeiro Star Wars, que permitia que ele e sua equipe fossem a convenções de ficção científica anos antes do lançamento para vender o projeto diretamente aos fãs.
“Quando o filme estourou nas bilheterias, eles ficaram perplexos, me perguntaram de onde tinha vindo aquele povo todo“, lembrou Lucas. “Eles não sabem de nada disso, não sabem trafegar nesse mundo. Você tem que tomar conta das coisas se quiser que elas funcionem para o seu filme”.
“Na época em que eu comecei em Hollywood, os grandes chefes de estúdios estavam todos se aposentando, e os estúdios em si foram comprados por empresas que não tinham nada a ver com o cinema. Eles não sabiam o que fazer, então o que fizeram? Contrataram um bando de moleques recém-saídos da faculdade, que não tiveram medo de fazer os filmes que queriam, porque foram criados com a mentalidade de que era impossível fazer dinheiro com cinema”, disse ainda.
Foi essa consciência, segundo Lucas, que levou muitos de seus contemporâneos, como Francis Ford Coppola e Steven Spielberg, a buscar modelos diferentes de negócio, e a insistir que os direitos dos filmes ficassem sob sua tutela:
“Hoje em dia, você tem os streamings, que estão cheios de dinheiro e financiando muitos projetos, mas eles já estão começando a recuar. Ser dono do seu próprio filme sempre é melhor”.
via omelete