Morbius chega ao universo compartilhado da Sony, tão vazio quanto os corpos que deixa para trás. Desde que Homem-Aranha: Sem Volta para Casa chegou aos cinemas, as expectativas cresceram cada vez mais ao pensar em Morbius. Outro filme com tanto atraso devido à pandemia de covid, Morbius sai com a Sony no controle exclusivo deste, e junta-se aos filmes do Venom como sendo um filme que leva um vilão clássico do teioso e os torna em um anti-herói. Ao contrário dos filmes do Venom, no entanto, Morbius não sabe como se divertir com seu material de origem, tornando-se uma bagunça confusa no processo.
Perigosamente doente com uma rara doença sanguínea e determinado a salvar outros que sofrem o mesmo destino, o Dr. Michael Morbius (Jared Leto) tenta uma aposta desesperada. O que a princípio parece ser um sucesso radical logo se revela um remédio potencialmente pior que a doença.
Morbius parece ter sido arrancado diretamente dos filmes de quadrinhos dos anos 2000, mas não dos bons que tinha em mente. Não perde tempo em entrar em detalhes, uma bênção de alguma forma ver como alguns desses filmes ficaram inchados nos dias de hoje, enquanto temos flashbacks dos dias mais jovens de Michael em um hospital grego devido à sua condição, acompanhado pelo amigo Milo, que sofre da mesma doença. Matt Sazama e Burk Sharpless jogam pelo seguro com uma história de origem estereotipada que não emociona, uma grande perda para um personagem com tanto potencial como Morbius.
Durante os exatos 40 minutos iniciais, você compra a história e se entrega àquele mundo, quer descobrir mais do personagem, e o que ele poderá fazer, aí logo após a transformação do personagem no navio, ele literalmente afunda e o filme se perde completamente. Por exemplo, a primeira aparição do próprio Morbius vampírico, que deveria ser construída com algum tipo de revelação, mas acontece sem qualquer choque, nenhuma cena de revelação e espanto, apenas algo que está lá, depois não está e surpresa, temos um vampiro, uma cena sem impacto algum. Parece que a Sony está com pressa de chegar a algum lugar com esses filmes e não investiu em contar histórias decentes.
Daniel Espinosa, que dirigiu um terror do tipo Venom com o filme chamado VIDA, (que inclusive é muito bom, super recomendo), tem dificuldade em estampar qualquer tipo de visão no filme. Ele não é ajudado pela falta de fluxo que o filme tem, parecendo muito mais longo do que realmente é e vacilando quando parece estar começando. Alguns dos visuais são realmente impressionantes, os efeitos visuais e a cinematografia de Oliver Wood combinando várias vezes para nos lembrar que este é um filme de quadrinhos moderno e não preso no passado.
Chegando às performances, Morbius tem alguém que parece dedicado ao seu ofício no papel principal, não que sempre venha com resultados espetaculares. Jared Leto é alguém para quem você olharia e pensaria que um vampiro é o papel perfeito para ele interpretar e, embora ele tenha uma boa performance, falta muito para torná-lo realmente atraente. Matt Smith é praticamente a única outra pessoa que consegue algo para fazer e pelo menos ele se solta para se divertir (e chega a ser vergonhoso). Adria Arjona, Jared Harris e Tyrese Gibson são deixados de lado durante o filme e pra encerrar, a aparição de Michael Keaton no filme, foi o glacê mole pra desandar todo o bolo que você acompanha durante quase 2hrs.
Culminando com duas cenas pós-créditos que apenas fazem a Sony parecer que não têm ideia do que esta fazendo, Morbius é uma entrada decepcionante no universo do Homem-Aranha da Sony. Talvez fazer todos esses filmes de origem de vilões sem a presença do Homem-Aranha não seja a melhor ideia, afinal.
Nota: ⭐⭐
Crítica escrita por Marko Miller